Prefeitura de Goiânia fecha unidade referência no tratamento da Aids

 Prefeitura de Goiânia fecha unidade referência no tratamento da Aids

Nesta segunda-feira (12), quem procurou ajuda no Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica Cândido José Santiago de Moura (CRDT) não teve boas notícias. Não haveria mais atendimento no local. A unidade que é referência no diagnóstico e tratamento de doenças como HIV/AIDS, Tuberculose e Hanseníase e funcionava há mais de 20 anos no Setor Norte Ferroviário foi fechada nesta manhã.

Protesto

Durante a manhã, enquanto usuários e servidores protestavam em frente à unidade na expectativa de reverter a decisão da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, um caminhão da prefeitura era carregado com a mobília. Caixas de papelão com documentos se acumulavam pelos corredores das unidades. Nos consultórios, médicos recolhiam fichas e outros documentos das gavetas e dos armários.

A confirmação do fechamento da unidade que recebe cerca de 300 pessoas por dia veio na última sexta-feira (9), mas nesta manhã, as dúvidas ainda eram muitas. Usuários não sabiam exatamente onde seriam atendidos e servidores, buscam respostas sobre o futuro local de trabalho. Enquanto isso, representantes da prefeitura acompanhavam a retirada dos moveis e tentavam justificar a ação.

Diretores do Sindsaúde acompanharam a situação e estiveram presentes desde o início da manhã. A presidenta do Sindicato, Flaviana Alves, recordou que a prefeitura já tinha ciência dessa mudança há pelo menos cinco meses e criticou a maneira repentina de como foi conduzida a desocupação.

“Faltou respeito da Secretaria de Saúde com os servidores e com os usuários. Não houve planejamento. Há algo nessa mudança tão repentina que precisa ser explicado” cobrou Flaviana. Já o vice-presidente do Sindsaúde, Ricardo Manzi, lembrou que o Sindsaúde – temendo transtornos – já havia se antecipado e levado à questão ao Ministério Público  meses atrás. No entanto, a denúncia foi arquivada. 

Devolução da área

O Superintendente municipal de Saúde, Silvio Queiroz, alegou que a prefeitura tomou a decisão diante de uma notificação feita pelo Governo de Goiás. Segundo o superintendente, a área onde funcionava o CRDT é do Estado e a prefeitura teria recebido “um prazo para desocupá-la”.

De acordo com ele, com a desocupação, os serviços prestados no CRDT serão redistribuídos para outras unidades de saúde da capital até que a nova sede do Centro de Referência fique pronta. “Ela vai funcionar na antiga sede do IMAS, localizada no setor Sul e o prazo estimado para a transferência é de 45 dias”, afirmou Silvio.

Despedida

O clima era despedida. Pelos corredores – entre abraços e soluços – colegas desejavam boa sorte uns aos outros. Sem conseguir segurar as lágrimas, uma servidora desabafou diante da situação que classificou de “injusta”. “Eu moro em Aparecida de Goiânia e ainda não sei aonde vou trabalhar. Se a gente vai mudar, tínhamos que sair daqui direto para a nova sede” disse outra servidora bastante preocupada.

A vice-presidente do Grupo AAVE – ONG que apoia a causa das pessoas que convivem com o HIV/AIDS, Tamara Borges, afirmou que os pacientes não foram notificados. “Eles não foram informados dessa mudança. Eu passei o final de semana todo recebendo ligações de pessoas que buscavam mais informações”.

Sobre a redistribuição dos pacientes, ela alertou que as outras unidades já estão lotadas e os pacientes terão que disputar atendimento. Além disso, a vice-presidente acredita que os pacientes terão que se dirigir a mais de uma unidade para buscar serviços que antes eram ofertados em um só lugar. “A maioria são pobres. Muitos não estão trabalhando e hoje, já enfrentam dificuldade para chegar até aqui”, lamentou.

Em nota enviada ao site Mais Goiás, a Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás, informou que “a devolução do imóvel faz parte de convênio firmado entre o Governo de Goiás e a Prefeitura de Goiânia no âmbito do Programa Goiás na Frente” e que “visa a implantação de trecho da Avenida Leste-Oeste e a revitalização da Praça do Trabalhador, na capital”.

Veja as unidades que, de acordo com a prefeitura, vão ofertar parte dos serviços do CRDT:

Confira a nota do Governo: 

A Secretaria de Gestão e Planejamento esclarece que a devolução do imóvel faz parte de convênio firmado entre o Governo de Goiás e a Prefeitura de Goiânia no âmbito do Programa Goiás na Frente.

O convênio visa a implantação de trecho da Avenida Leste-Oeste e a revitalização da Praça do Trabalhador, na capital. O investimento do Estado no projeto será de R$ 35 milhões, em 24 parcelas, com contrapartida da Prefeitura na ordem de R$ 33 milhões.

A devolução do imóvel, emprestado à Prefeitura sem ônus desde 1998, permitirá que o Estado proceda a venda do mesmo, para levantar parte dos recursos previstos no convênio.

 

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