Denúncias sobre falta de medicamento e de condições de trabalho no Hugo motivam nova visita do Sindsaúde

 Denúncias sobre falta de medicamento e de condições de trabalho no Hugo motivam nova visita do Sindsaúde

*Publicada em 26.05.2020 às 18h54

O Sindsaúde voltou ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) nesta terça-feira (26) para apurar denúncias. O Sindicato tem recebido uma série de relatos de trabalhadores que envolvem sobrecarga de trabalho, falta de medicamentos e problemas nos equipamentos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante a visita, as diretoras da entidade foram recebidas pela direção do Hugo que atualmente, está sob gestão de uma organização social, o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS).

Uma das denúncias que levou novamente o Sindicato ao Hugo, tratava-se da falta de profissionais para realizar o atendimento. De acordo com um dos relatos, técnicos de enfermagem estariam tendo que cuidar sozinhos de até 14 pacientes graves.

Sobrecarga
O trabalhador que preferiu não se identificar demonstra preocupação com a situação. “A maioria dos pacientes estão acamados, traqueostomizados, com sondas. Não temos condições de trabalhar com esse número de pacientes. A sobrecarga de trabalho está muito grande e isso leva a nos expor e expor o paciente”, relatou.

Também há relatos de falta de medicamentos. Segundo denúncias, desde a última quinzena de abril até a primeira quinzena de maio não havia medicamentos de primeira escolha para sedação, como o midazolam, para usar nos pacientes críticos da UTI. “Alguns pacientes estão em uso de morfina em bomba de infusão devido à falta dessa medicação essencial”, relatou uma profissional.

Equipamentos

Os trabalhadores afirmam ainda que, além do estresse causado pela sobrecarga de trabalho, têm dificuldades com os equipamentos da UTI. De acordo com outro relato, “há meses as bombas de infusão estão constantemente sendo enviadas à manutenção corretiva que devolve o equipamento e muitas vezes devido ser equipamentos antigos e muito utilizados não têm sido calibrados adequadamente”. A calibragem incorreta traz riscos para o paciente.

Por essas e outras denúncias, a vice-presidente do Sindsaúde, Luzinéia Vieira, e a secretária Geral do Sindsaúde, Flaviana Alves, se reuniram com a diretora-Geral do Hugo, Dulcilene Xavier, na tarde desta terça-feira (26).

Justificativas
Ela afirmou ao Sindicato que as denúncias sobre problemas com equipamentos são “infundadas”. A diretora justificou que há uma empresa que presta serviço, e dá manutenção nas bombas de infusão e que não tem havido problemas quanto a isso. Quanto à sobrecarga de trabalho, a organização social negou que há déficit no quadro de trabalhadores e justificou que foram contratados 70 novos profissionais.

Em relação à falta de medicamentos, o INTS admitiu que o hospital está sem os sedativos midazolam e fentanil. Segundo a organização social, a dificuldade estaria em adquirir o medicamento devido à escassez no mercado, mas que outros medicamentos com o mesmo efeito estariam sendo administrados nos pacientes.

Acompanhamento

O Hugo vem sofrendo com um surto de Covid-19 em que estima-se que cerca de 180 profissionais já foram afastados de suas atividades. Conforme apurou o Sindicato durante a visita desta terça-feira, 85 trabalhadores do hospital foram infectados pelo novo coronavírus.

Luzinéia explica que o Sindsaúde vai continuar apurando as denúncias no Hugo e em outros hospitais inclusive com o apoio do Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Estadual já que denúncias não param de chegar. “Queremos o envolvimento com mais afinco da Secretaria de Estado da Saúde nesse processo. Afinal, esses hospitais são públicos e a SES é responsável pelo que acontece dentro deles”.

A vice-presidente ressaltou ainda que o Sindsaúde quer reuniões constantes com a direção e com trabalhadores do Hugo afim de discutir medidas que auxiliem na tomada de soluções adequadas para o trabalhador e para o paciente. “Acreditamos que a relação de trabalho onde há transparência e diálogo tem tudo para dar certo”.

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