O SUS vai muito além do pronto-socorro

 O SUS vai muito além do pronto-socorro

“Para a maioria dos brasileiros, infelizmente, a imagem do SUS é a do pronto-socorro com macas no corredor, gente sentada no chão e fila de doentes na porta. Tamanha carga de impostos para isso, reclamam todos.

Esquecem-se de que o SUS oferece gratuitamente o maior programa de vacinações e de transplantes de órgãos do mundo. Nosso programa de distribuição de medicamentos contra a Aids revolucionou o tratamento da doença nos cinco continentes. Não percebem que o resgate chamado para socorrer o acidentado é do SUS, nem que a qualidade das transfusões de sangue nos hospitais de luxo é assegurada por ele”.

O fragmento acima foi extraído do texto publicado pelo jornal Folha de São Paulo e escrito pelo médico Drauzio Varella. Ele nos chama a refletir sobre a necessidade de compreendermos a verdadeira importância do nosso Sistema Único de Saúde e de nos atentarmos para o real tamanho do SUS.

SUS: uma grande causa do povo brasileiro

(Texto escrito pelo Sindsaúde e publicado originalmente na edição de 2019 da agenda Lationoamericana)

O SUS completou 30 anos em 2018 como um direito constitucional, embora tenha sido regulamentado pela Lei 8.080 só em 1990. Ele está entre os maiores sistemas públicos de saúde do mundo e continua sendo a única garantia de cuidados para milhões de brasileiros. Nesse sentido, garantir a consolidação do SUS, significa promover a efetivação da saúde enquanto determinante imprescindível para a qualidade de vida do nosso povo.

Orientado por esse princípio, o Sindsaúde/GO celebra em 2019, 30 anos de lutas marcados pela defesa dos servidor@s e dos usuários do Sistema Único de Saúde. A entidade nasceu imbricada na luta pela construção do SUS e pelo direito incondicional da população a um serviço de saúde gratuito e de qualidade. Esforços como esses, permitiram que a garantia à saúde saísse do campo ideológico e se solidificasse em um modelo de acesso universal e amplamente participativo.

Em Goiás, o embate para garantir a consolidação do SUS foi intenso. Foi preciso enfrentar a lógica mercantilista da saúde estabelecida entre políticos e donos de hospitais. Foi preciso trabalhar a responsabilidade enquanto entes federados (município e estado) e também o conceito de equipe multiprofissional no SUS onde cada trabalhador é parte igualmente importante do Sistema.

O surgimento do Sindsaúde não foi reflexo apenas da organização da classe trabalhadora, mas a busca de uma nova perspectiva a Saúde Pública em Goiás. A criação da primeira UTI pública neonatal de Goiás, os esforços pela valorização dos trabalhador@s e pela realização de concurso público e a mobilização para que os maiores hospitais públicos do Estado retomassem o atendimento à população são marcas indeléveis deixadas pelo Sindsaúde na história ainda recente do SUS.

Além disso, vale ressaltar o protagonismo da entidade na luta pela municipalização da saúde pública, pelo fortalecimento da Atenção Básica para a prevenção e promoção da saúde, na realização das conferências municipais, estadual e nacional de Saúde e no embate contra a terceirização.

Nesses 30 anos, as ações do Sindsaúde – embora pequenas do ponto de vista do contexto nacional – certamente foram imprescindíveis para o fortalecimento de uma das maiores causas do povo brasileiro: o SUS. Organizando os trabalhador@s e estimulando o engajamento e a participação da sociedade no controle social, o Sindicato testifica a luta dos goianos em defesa do SUS.    

Na atual conjuntura, o modelo ideal de Saúde Pública se tornou um grande desafio, principalmente após a aprovação da Emenda Constitucional 95 que congela os gastos com Saúde e Educação nos próximos 20 anos. Além disso, a lógica mercantilista do acesso à saúde que agora volta travestida de terceirização e privatização têm sido graves ameaças aos princípios básicos como a universalidade e a equidade do Sistema.

Acreditamos que uma conquista do tamanho do SUS, requer uma consideração na mesma proporção. Nesse sentido, vale ressaltar que neste ano, foi realizada a 16ª Conferência Nacional de Saúde com o tema “8ª + 8 = 16ª” e que foi de extrema necessidade o engajamento participativo do cidadão. O momento é oportuno para a construção de estratégias resolutivas que possibilitem enfrentar os desafios para manter e ampliar o SUS.

Portanto, mais do que nunca, o contexto atual exige de nós – trabalhador@s e usuários – uma sólida parceria e uma mobilização vigorosa para barrar, inclusive o subfinanciamento crônico e o estrangulamento gradual da Saúde Pública. Por fim, é possível adiantar que a solução para o SUS também passa pela garantia de uma política de financiamento estável e sustentável.

 

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