Sindsaúde visita os Centros de Atenção Psicossocial AD Casa, AD Ipê e Beija-Flor em Goiânia – Saúde Mental essa luta também é sua

 Sindsaúde visita os Centros de Atenção Psicossocial AD Casa, AD Ipê e Beija-Flor em Goiânia – Saúde Mental essa luta também é sua

Publicado em 17 de julho de 2020, às 17h35

A visão hospitalar e dos manicômios em saúde mental ainda é muito recente para população em geral. Hoje fala-se muito em transtornos como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ansiedade, transtorno bipolar, somatização, estresse pós traumático e tantos outros transtornos mentais na população que estão no cotidiano, na linguagem e nas vivências de todos nós. O que pouco se sabe hoje é como esses transtornos mentais eram tratados a 30 anos atrás.

Neste passado não tão distante, as pessoas com transtornos mentais recebiam tratamento considerado absurdo, truculento e obscuro dentro de hospitais psiquiátricos brasileiros. Haviam casos de pessoas sem transtornos mentais que eram internadas apenas para serem afastadas do convívio social, por inúmeras razões. Segundo o livro “Colônia – uma tragédia silenciosa”, homens e mulheres eram submetidos a condições sub-humanas, perdiam o direito à cidadania e eram amontoados em hospitais (conhecidos manicômios) eram superlotados e usavam de tratamentos tão violentos que, muitas vezes, resultavam em morte. Os cadáveres eram vendidos para laboratórios de anatomia de universidades. Há registros de pelo menos 60 mil mortes entre homens, mulheres e crianças em hospitais psiquiátricos brasileiros.

A Reforma Psiquiátrica brasileira, acontece em 1980 e 1990, até a promulgação da Lei de Saúde Mental, em abril de 2001 e veio como desconstrução do modelo manicomial que propõe a cidade como lugar infinito do convívio e das trocas sociais

Os Caps foram regulamentados no Plano Nacional pelo Ministério da Saúde, através das portarias 189, de 1991, e 224, de 1992. A década de 1990 viu o amadurecer e o consolidar dos processos que compõem hoje o cenário do que representa a Reforma Psiquiátrica brasileira.

Os Caps são unidades para acolhimento às crises em saúde mental, atendimento e reinserção social de pessoas com transtornos mentais graves e persistentes ou com transtornos mentais decorrentes do uso indiscriminado de álcool e outras drogas. Os CAPS foram criados para oferecer atendimento interdisciplinar, é composto por uma equipe multiprofissional e atuar em articulação com as demais unidades de Saúde e com outros setores (Educação, Assistência Social, etc.), sempre incluindo a família e a comunidade nas estratégias de cuidado.

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS organiza e estabelece os fluxos para atendimento de pessoas com problemas mentais, desde os transtornos mais graves até os menos complexos.

As residências terapêuticas, criadas em 2002, pelo Ministério da Saúde, com objetivo de acolher pessoas com transtorno mental que foram abandonadas em clínicas psiquiátricas e de forma gradual reinserir esses pacientes no convívio social. São pacientes crônicos e carentes e muitos são totalmente dependentes destas residências e dos medicamentos.

Nesta semana o Sindsaúde visitou e acompanhou mais 3 unidades dos Caps em Goiânia (AD Casa, AD Ipê e Beija-Flor) das outras 5 unidades que já foram visitadas e em todos eles os problemas são recorrentes. E os trabalhador@s vêm administrando a situação como podem, uma vez que falta material de limpeza e higiene, as instalações são quase sempre péssimas e a dificuldade de diálogo com a Secretaria Municipal de Saúde(SMS) e o acesso às capacitações fornecidas pela prefeitura também são motivo de queixa.

Em todos eles o Sindsaúde levantou a situação das condições de trabalho e de assistência nessas unidades, discutiu as consequências para os usuários do corte de 36 medicamentos por meio da Portaria nº 170, de 25 de maio de 2020 que regulamenta a adoção da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUNE) da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. A maioria deles é de uso contínuo, controlado e prolongado. E o que todos compreendem é o desmonte permanente do Sistema Único de Saúde e dos Caps em Goiânia

A Vice-presidente do Sindsaúde-GO, Luzinéia Veira, vem destacando em todos esses encontros a importância dos trabalhadores na luta contra esse desmonte. “É fundamental que os profissionais se unam. O propósito do Sindsaúde juntamente com o Fórum Goiano de Saúde Mental e os servidores é chamar a atenção da sociedade e do poder público para a importância de continuar assegurando serviços tão primordiais para a população“, ressaltou.

O Sindsaúde enviou na tarde desta sexta-feira(17) um Ofício à Defensoria Pública onde expõe toda drama que atravessa a saúde mental em Goiânia. E permanecerá visitando e acompanhando os trabalhador@s e usuários das demais unidades do Caps que ainda não foram visitadas.

Serão realizadas assembleias virtuais com os Conselhos Municipais de Saúde e com as Residências Terapêuticas que estão ameaçadas de extinção.

 

 

Outras Notícias

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leitor de Página Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud