Professor Pedro Célio lança livro, com apoio do Sindsaúde, que resgata história e atentado do Monumento ao Trabalhador
No dia 5 de abril, na sede do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), o sociólogo, escritor e professor na Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Célio Alves Borges, realiza o lançamento oficial do livro ”1969-2018: Um Crime Contra a Cultura e a Memória”.
A publicação da obra, que conta com o apoio do Sindsaúde Goiás, traz um resgate da história do Monumento ao Trabalhador, que ficava em frente à antiga Estação Ferroviária, relevando como questões políticas motivaram o atentado de destruição da estrutura.
“O Monumento ao Trabalhador era uma obra de arte de enorme importância que foi apagada da paisagem urbanística de Goiânia. Na época era uma referência arquitetônica da cidade que se transformou em um cartão-postal da capital”, destaca o professor Pedro Célio.
“Nós temos denunciado o descaso com a destruição do monumento há 20 anos. Não podemos permitir que grupo políticos radicais e extremistas depredem o nosso patrimônio histórico, como também aconteceu nos ataques em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. O livro é um registro de uma negligência com a memória cultural de Goiânia”, afirma Pedro Célio.
O Monumento – o projeto foi assinado pelo arquiteto Elder Rocha Lima e construído com duas imensas cenas de 13,6 metros de comprimento por 1,50 de altura, suspensas em cavaletes de concreto. Elder também foi autor de outros projetos de destaque com a antiga sede da Assembleia Legislativa.
Já o artista plástico da estrutura foi o muralista Clóvis Graciano, que estudou na Escola de Belas Artes de São Paulo e criou painéis de grande porte que ainda embelezam a capital paulista, como o Alabarda, na Av. Paulista. Clóvis era amigo próximo de Cândido Portinari e foi um dos principais gravuristas, ilustradores, desenhistas e muralistas do seu tempo.
Quanto ao idealizador do monumento, foi Pedro Ribeiro dos Santos, fundador do Sindicato dos Oficiais Alfaiates, Costureiros e Trabalhadores da Industria de Roupas no Estado de Goiás e também foi o primeiro presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria do Estado de Goiás.
Patrimônio Cultural – O Monumento ao Trabalhador foi inaugurado em 1959. O início do atentado ocorreu em abril de 1969, quando o grupo de radicais do Comando de Caça aos Comunistas, milícia do período sombrio da ditadura militar, pichou as pastilhas de vidrotil dos painéis. Em 1973, as pastilhas foram raspadas e causou a perda definitiva dos dois grandes murais.
As estruturas de concreto que sustentavam os murais se mantiveram de pé até meados dos anos 1980, quando foram destruídas na gestão dos ex-prefeitos Daniel Antônio e Joaquim Roriz. Em 1987 as colunas de concreto, base para os painéis, foram totalmente demolidas.
Ainda assim, a área da Praça do Trabalhador foi tombada como Patrimônio Cultural pelo Estado de Goiás em 1982 e conjunto art dèco de Goiânia foi considerado Patrimônio Artístico e Cultural Nacional pelo Iphan em 2003 quando a obra já havia sido totalmente demolida.