Centro de Referência de Goiânia em DSTs enfrenta desmonte e atendimento fica comprometido

 Centro de Referência de Goiânia em DSTs enfrenta desmonte e atendimento fica comprometido

Funcionários do Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica Cândido José Santiago de Moura (CRDT) de Goiânia estão preocupados com a situação enfrentada pela unidade. Apesar de ser referência no diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis como HIV/AIDS e no tratamento de patologias como Tuberculose e Hanseníase em todo Estado, o CRDT enfrenta problemas na parte laboratorial que compromete o atendimento.

Condições precárias

Os servidor@s denunciam que o laboratório do CRDT vem sofrendo literalmente um “desmonte” e que a unidade corre o risco de fechar as portas. Cerca de 60 pacientes são assistidos diariamente pelo laboratório.

Está se desmanchando aos poucos! Os equipamentos que eram comodatos já foram retirados pela empresa por falta de pagamento. Hoje, o laboratório realiza apenas sorologia para dengue, teste rápidos e exames para diagnosticar doenças como Tuberculose e Hanseníase”, contou uma servidora que pediu para não ser identificada.

Apesar de possuir área física e funcionários técnicos e administrativos qualificados, a unidade administrada pela prefeitura de Goiânia opera muito abaixo de sua capacidade. Os trabalhador@s contam que “na parte laboratorial só funciona aquilo que não depende da prefeitura”, isso porque os insumos são envidados pelo Governo Federal.

Pacientes prejudicados

Os funcionários também revelam que, diante da precariedade, o material colhido na unidade para realizar exames sorológicos tem de ser encaminhado para o laboratório da Pontifícia Universidade Católica e demoram cerca de 45 dias para ficar prontos. Uma demora que causa transtornos para pacientes e atrasa o trabalho dos servidor@s.

Eu não sei o que será dos pacientes que dependem dos serviços da unidade. Na maioria são pessoas carentes e que precisam continuar o tratamento”, alertou a servidora.

Odontologia

Outro setor dentro do CRDT que sofre as consequências da falta de investimentos é a odontologia. Profissionais que deveriam atender os pacientes que procuram a unidade estão sem condições de trabalhar porque falta, inclusive, anestésico.

Ministério Público

A presidenta do Sindsaúde, Flaviana Alves, explica que o Sindsaúde tem exposto a situação do Centro de Referência à gestão do município e cobrado providências.  Em reunião realizada no último dia 13 no Ministério Público de Goiás, com promotor do CAO Saúde, Eduardo Prego, diretor@s do Sindicato voltaram a expor a situação do CRDT. Ele garantiu que está ciente das denúncias e afirmou que irá investigá-las.

Conselho de Saúde

O Conselho Local de Saúde (CLS) também entrou em alerta. A presidente do órgão, Dilza De Souza Campos, informou ao Sindsaúde que diante das precariedades, o Conselho já havia solicitado à prefeitura, reformas e ampliação do laboratório do CRDT.

Em outra tentativa de barrar o fechamento da unidade, o órgão encaminhou à secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, um ofício solicitando que os serviços prestados pelo laboratório do CRDT não sejam interrompidos.

Por meio do documento, o Conselho alerta para “que seja ponderada, antes de qualquer decisão, a importância que esta unidade representa para a comunidade usuária do SUS, na realização de exames laboratoriais”.

Os conselheiros garantem que a “unidade tem capacidade de absorver e executar todos os exames da rede, que anteriormente eram feitos aqui, com qualidade e eficiência” e que “ao longo dos anos” presenciou-se “o declínio gradual e acentuado de sua capacidade de execução destes exames”.

Terceirização

Para a presidente do Conselho, a situação no laboratório ficará ainda mais insustentável se nada for feito. “A situação vai ficar muito difícil e a gente sabe que não vai funcionar”.

A presidente questiona os gastos e os resultados dos serviços terceirizados da unidade. “O que é melhor para a saúde da população de Goiânia: um laboratório central de referência, capaz de oferecer suporte às Unidades de Saúde de Goiânia, que tem capacidade de trabalho de 12 horas contínuas, ou mais se necessário ou a terceirização dos exames que até o momento se mostrou ineficaz e caro para os cofres públicos?

Remoção

Uma outra situação tem chamado a atenção no Centro de Referência e reforça a suspeita sobre a intenção da prefeitura de fechar parte da unidade. Os servidor@s contam que profissionais qualificados estão sendo transferidos compulsoriamente e sem justificativas plausíveis. “É muito injusto porque o funcionário não tem direito nem de escolher entre as unidades mais próximas onde poderia trabalhar”.

Outra servidora confirmou que é constante “a pressão sobre os trabalhadores com ameaças de serem transferidos para outras unidades, sem conversa, diálogo e sem considerar as condições de locomoção do mesmo”.

Histórico

O Laboratório do CRDT começou a funcionar em 1998 com a finalidade de centralizar a realização dos exames das unidades de Saúde da Capital e atender aos programas de tratamento à Tuberculose, Hansen e outras doenças sexualmente transmissíveis. Além da parte laboratorial e odontológica, o Centro de Referência oferece consultas eletivas em especialidade com dermatologia e pneumologia.

O CRDT fica localizado no Setor Norte Ferrobiario e dá suporte ao Laboratório de Saúde Publica Dr. Giovanni Cysneiros (LACEN-GO), realizando coletas de sangue para os exames CD4, CD8 e carga viral (HIV) e realiza, ainda, coleta de sangue total para Genotipagem de HIV e Hepatite C, que são encaminhados para o Laboratório Genoma em São Paulo.

HIV/AIDS

De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) no ano passado, havia 5.390 casos de HIV no Estado de Goiás entre 2007 e 30 de junho de 2017, dos quais 4.028 eram homens, 1.360 mulheres. Dois casos foram ignorados.

Ainda segundo a SES, 45,6% dos casos encontram-se na faixa de 20 a 29 anos e 25% de 30 a 39 anos. Já o relatório do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais – disponível na internet –  aponta que em 2017 houve 129 novos casos de AIDS em Goiânia notificados no SINAN, declarados no SIM e registrados no SISCEL/SICLOM. A taxa é menor que dos anos anteriores.

 

Foto: Jornal Opção/Thiago Araújo

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