Por que 30h para a enfermagem?

 Por que 30h para a enfermagem?

A luta dos profissionais de enfermagem pela redução da jornada de trabalho para 30h semanais é antiga e se tornou ainda mais evidente durante a pandemia. Em Goiás, o Projeto de Lei (PL 5161/19) chegou a ser aprovado na Assembleia Legislativa (Alego) mas foi vetado pelo governador Ronaldo Caiado. Em uma nova sessão, ainda sem data para acontecer, os deputados decidirão se mantém ou derrubam o veto.

As justificativas que sustentam a reivindicação da categoria são plausíveis e merecem atenção. Para o doutorando em Ciências do Cuidado em Saúde, Rafael Polakiewicz, a enfermagem é uma das profissões de maior desgaste físico e mental da área da saúde.

Estabelecer a padronização da jornada máxima de 30h semanais com 6 horas diárias é uma recomendação antiga da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O fato é que as jornadas extensivas geram desgastes e impactam diretamente no quadro físico e emocional desses trabalhadores. Lidar diariamente com a morte e com doenças, muitas desconhecidas como é o caso da covid-19, é um fator estressante.

Sobrecarga
O déficit de profissionais nos hospitais é outro fator que sobrecarrega o trabalhador e muitas vezes, leva ao afastamento devido ao acometimento de doenças ocupacionais. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem, o déficit das equipes chega a 23.961 profissionais, sendo 8.430 enfermeiros e 15.531 técnicos/auxiliares. Tudo isso acaba por levar à piora, inclusive, da saúde mental do profissional resultando até mesmo em suicídio.

Rafael Polakiewicz acredita que e a redução da jornada impactaria positivamente trazendo maior qualidade de vida para o profissional, a abertura de novos postos de trabalho e diminuição de doenças ocupacionais, já que é a profissão com um dos maiores números de LER/ DORT e outros transtornos como doenças psíquicas.

Mulheres
Dados de uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz realizada em 2015 revelaram que 86,6% dos profissionais de enfermagem no Brasil são mulheres. Somado a isso, vale ressaltar que, em muitos casos, elas executam jornadas duplas ou triplas uma vez que muitas delas são responsáveis pelo cuidado dos filhos e ainda assumem grande parte dos afazeres domésticos.

Pandemia
Por ser o profissional que está mais próximo do paciente e por mais tempo dada a natureza da profissão, a enfermagem é a mais afetada pela pandemia do novo coronavírus. Estimativa do Cofen aponta que metade dos 2,3 milhões de enfermeiros, técnicos e auxiliares estão atuando no combate à pandemia.
Enquanto isso, dados do Observatório da Enfermagem mostram que o Brasil já registrou 460 óbitos de decorrentes da Covid-19 durante o exercício profissional, sendo mais de 21 mil os profissionais infectados.

30h Já
Defensor da causa, o Sindsaúde-GO integra o Fórum Nacional das 30h e defende que a redução da carga horária é fundamental para proporcionar maior qualidade de vida para o profissional e para o paciente durante o atendimento.

Para a vice-presidente do Sindsaúde, Néia Vieira, a luta do sindicato vai além da redução da jornada. Acreditamos que é preciso resgatar o respeito e a valorização profissional com melhores condições de trabalho e salário justo. “Não somos heróis, somos seres humanos com qualificação profissional, orientados por conhecimento técnico e científico, competentes com consciência do nosso protagonismo na saúde”, finaliza.

Fonte:
www.correiobraziliense.com.br
http://www.cofen.gov.br/
https://pebmed.com.br/

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